Em pauta, financiamento, infraestrutura, meio ambiente, reforma tributária, tecnologia e segurança jurídica
Para a realização do 15º ConstruBusiness (Congresso Brasileiro da Construção), o Conselho Superior da Fiesp, dirigido por Eduardo Capobianco, vice-presidente da Federação onde representa o SindusCon-SP, e o Departamento da Indústria da Construção e da Mineração da Fiesp, dirigido por Newton Cavalieri, elaboraram um amplo diagnóstico sobre desafios e oportunidades para o setor.
O documento traz: um panorama geral da indústria da construção; análises sobre habitação e seu financiamento, investimentos públicos e privados na infraestrutura, reforma tributária e cenário macroeconômico; e entraves e propostas para cinco temáticas: reforma tributária; produtividade, inovação e qualidade; desburocratização e segurança jurídica; financiamento imobiliário e da infraestrutura; e práticas ESG (Responsabilidade Ambiental, Responsabilidade Social e Governança) e a relação da construção com o meio ambiente.
Financiamento imobiliário
No tocante ao financiamento imobiliário, o documento preconiza a adoção das seguintes ações:
- Defender taxas de juros adequadas ao cenário econômico brasileiro.
- Apoiar a expansão do Sistema Financeiro Imobiliário por meio do desenvolvimento dos instrumentos financeiros do mercado de capitais e de maior capacitação tecnológica.
- Defender maior segurança jurídica das transações, em especial no que diz respeito à execução, no menor tempo possível, das garantis reais, ampliando a importância da alienação fiduciária e de um marco legal sólido.
- Apoiar a manutenção e a expansão dos recursos para o SFH provenientes da Poupança e do FGTS, monitorando possíveis gargalos na oferta de financiamento do Sistema por conta de limitações nessas fontes de recursos.
- Aprimorar os mecanismos tradicionais de financiamento do SFH, buscando ampliar a disponibilidade de fundos do FGTS e da Caderneta de Poupança para o investimento habitacional.
- Acompanhar as consequências de possíveis modificações no índice de correção do FGTS sobre o financiamento da habitação.
- Apoiar a transformação do programa Minha Casa, Minha Vida em política de Estado, garantindo recursos para o financiamento com subsídios de modo contínuo, em longo prazo.
- Restringir a aplicação dos recursos do FGTS às finalidades originais de financiamento habitacional e de infraestrutura urbana.
- Encerrar a modalidade de saque-aniversário do FGTS, concentrando a utilização de recursos do Fundo nas hipóteses originais previstas, como a dispensa sem justa causa, aposentadoria e compra ou construção de imóvel.
- Propor linhas estáveis de financiamento da produção, em especial para pequenas e médias empresas da construção, por meio do BNDES.
Infraestrutura
Em relação ao aperfeiçoamento da infraestrutura, o documento propõe as seguintes ações:
- Garantir que o novo PAC não incorra nos erros cometidos nas versões anteriores: só devem ser realizados projetos com qualidade técnica, que tenham recursos em quantidade suficiente, estejam dentro dos parâmetros satisfatórios de licenças ambientais, para que não haja profusão de obras paradas e desperdício de recursos públicos.
- Acelerar o avanço do PPI, agilizando as concessões que possam aumentar o nível de investimento sem gerar impacto nas contas públicas.
- Não realizar licitações em leilões com diversas rodadas, pois as várias iterações de propostas de preços entre os ofertantes muitas vezes acabam por selecionar projetos inexequíveis.
- Mapear as necessidades de crédito do setor.
- Retomada do papel de liderança do BNDES na infraestrutura brasileira, com utilização de um indexador de juros mais adequado aos retornos do setor.
- Zerar a fila dos precatórios, que deveriam ser pagos imediatamente após sua emissão.
- Apoiar a criação de Letra de Crédito de Desenvolvimento (LCD) para fortalecer o financiamento do BNDES.
Meio ambiente
Em relação às práticas ESG, o documento propõe as seguintes ações:
- Estimular a adoção de processos produtivos com menor emissão de Gases de Efeito Estufa em obras públicas.
- Apoiar a definição de normas ambientais gerais e uniformes, válidas em todo o território nacional e compatíveis com os mecanismos utilizados no exterior.
- Simplificar os processos de licenciamento ambiental para empreendimentos de baixo impacto.
- Delimitar as atribuições de cada um dos órgãos envolvidos nos processos de licenciamento ambiental, evitando sobreposição e insegurança jurídica.
- Apoiar as iniciativas setoriais e do Senai no mapeamento das emissões de carbono da indústria, para desenvolver estratégias coletivas e redução das emissões.
- Monitorar o andamento das regulamentações relacionadas ao meio ambienta, assegurando que as normas publicadas tenham pertinência e impactos adequados na atividade.
- Incentivar a adoção de técnicas eu aumentem a eficiência energética e hidráulica, tanto no processo produtivo, quanto nas obras.
- Estimular a gestão adequada de resíduos e efluentes na cadeia produtiva da construção.
- Encorajar a prática da economia circular, com redução do uso de matéria prima, diminuição do volume de rejeitos do processo produtivo e reaproveitamento e reciclagem dos resíduos.
- Orientar as empresas na adoção de processos de gestão e de investimentoque considerem boas práticas em ESG.
- Nortear as empresas da cadeia produtiva no desenvolvimento e adoção de indicadores ESG para o monitoramento de suas ações.
- Divulgar iniciativas de cálculo de emissões no setor (por exemplo, a CECarbon) e propostas de aprimoramento de metodologias relacionadas à emissão de Gases de Efeito Estufa.
Reforma tributária
O documento também relaciona as seguintes ações relativas à reforma tributária:
- Limitar a alíquota incidente em todos os bens e serviços, perseguindo a alíquota global máxima de 25%.
- Determinar que o prazo de recolhimento de novos tributos seja compatível com o recebimento do fato gerador do respectivo tributo.
- Afastar a possibilidade de criação de tributos adicionais ao IVA dual que substituam os tributos atuais a serem extintos, e que gerem aumento de carga tributária e/ou desigualdade tributária entre estados, a exemplo da contribuição estadual sobre produtos primários e semielaborados.
- Determinar que o Imposto Seletivo incida apenas sobre bens e serviços de consumo final, afastando a possibilidade de que recaia sobre aqueles de consumo intermediário, evitando a cumulatividade desse imposto.
- Afastar a prorrogação de incentivos tributários atualmente em vigor com prazo para término antes ou durante o período de transição, que têm baixa difusão setorial ou regional.
- Estabelecer prazo máximo de 60 dias para a devolução dos créditos relativos ao IVA dual.
- Coibir, no novo sistema, o uso disseminado da substituição tributária, restringindo o mecanismo aos poucos segmentos que possuem grande concentração no início da cadeia produtiva e uma pulverização significativa no comércio varejista.
- Garantir que empresas da construção civil possam optar entre o sistema de alíquota reduzida e o sistema cumulativo.
- Garantir que a construção civil esteja no mesmo sistema da indústria, para que o IVA pago na cadeia seja creditado na construção civil.
- Garantir que a aquisição de terrenos saia da base de cálculo do IVA.
Produtividade, inovação e qualidade
Já em relação a esses três itens, o documento preconiza as seguintes ações:
- Acompanhar os desdobramentos da reforma tributária e seus impactos na indústria da construção em termos de ganhos de produtividade.
- Aproveitar a reforma tributária para ampliar ao máximo a adoção da construção industrializada, a partir de sua isonomia com os métodos convencionais.
- Sinalizar os principais entraves para a adoção de métodos construtivos industrializados no Brasil e apresentar soluções para a ampliação de seu uso.
- Mapear as tecnologias atualmente existentes e processos construtivos inovadores, identificando o nível de maturidade de cada um deles e ganhos de produtividade derivados.
- Estimular a produção e a disseminação de informações técnicas em geral, para melhorar a capacitação dos agentes da cadeia produtiva e dos responsáveis por obras públicas e privadas sobre produtos e processos inovadores.
- Motivar a valorização de projetos e modelos de contratação mais integrados aos empreendimentos, buscando viabiliza a industrialização.
- Estimular o planejamento dos recursos humanos, antecipando ações de captação e capacitação de trabalhadores.
- Incentivar as empresas a capacitarem e certificarem seu quadro de colaboradores, além de criar linhas de fomento para ações de qualificação realizadas por entidades competentes e credenciadas, priorizando profissionais que efetivamente serão empregados nas obras.
- Realizar levantamento sobre oferta, demanda, deficiências e oportunidades em relação à mão de obra qualificada no setor da construção.
- Apoiar parcerias, estágios e pesquisas compartilhadas entre o meio empresarial e a academia.
- Aprimorar e aprofundar as relações técnicas do Brasil com outros países, por meio de convênios de cooperação.
- Apoiar a divulgação das iniciativas do projeto Construa Brasil.
- Apoiar o desenvolvimento de guias e manuais de referência sobre BIM voltados ao contexto brasileiro.
- Incentivar a estruturação de órgãos públicos visando a contratação de projetos em BIM, por meio da capacitação de profissionais, intercâmbio de experiências internacionais e processos de contratação adequados.
- Apoiar ações de qualificação de profissionais para o desenvolvimento de projetos que utilizam a metodologia BIM.
- Monitorar a carga de impostos incidentes sobre software necessários ao uso da metodologia BIM com a reforma tributária.
- Estimular a integração do BIM ao uso de novas tecnologias da indústria 4.0, como a Internet das Coisas (IoT).
Desburocratização e segurança jurídica
As ações previstas em relação a essas questões no documento são as seguintes:
- Realizar a transformação digital da administração pública, com enfoque na gestão de processos e de documentos em todas as esferas, buscando soluções inovadoras, como os smartdocs.
- Acelerar a transformação digital dos cartórios em todo o território, com foco na digitalização de documentos e processos cartoriais.
- Criar um sistema de avaliação do desempenho dos cartórios.
- Criar uma base de dados unificada em nível nacional.
- Definir e reduzir prazos para as aprovações do setor público em cada esfera/órgão, com maior fiscalização quanto ao tempo limite das aprovações.
- Criar procedimentos que estabeleçam relevâncias e compensação financeira na resolução de conflitos.
- Criar programas de disseminação dos cursos sobre licenciamento e código de obra presentes no Construa Brasil junto às equipes das administrações públicas municipais.
- Estimular programas de especialização técnica para serviços públicos.
- Criar diretrizes federais que orientem as demais esferas.
- Redigir normas claras, com informações objetivas.
- Evitar alterações intempestivas no arcabouço regulatório, e garantir o respeito às decisões anteriores.
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Fonte: SindusCon-SP