Em junho de 2021 instalou-se a Comissão de Estudo em Iluminação Natural em Edificações, CE:-002:135.002 sob a Coordenação da Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza com a Secretaria de Greici Ramos. Nesta subcomissão foram revisadas as 4 partes da norma ABNT NBR 15:215: Iluminação Natural de 2005. Era a oportunidade para trazer para as normas de iluminação natural as atualizações acontecidas nas últimas 2 décadas.
A nova versão da Parte 2, Procedimentos de cálculo para a estimativa da disponibilidade de luz natural e para a distribuição espacial da luz natural, foi publicada em 2022, a da parte 4, Verificação experimental das condições de iluminação interna, foi publicada em 2023 e em 2024 foram publicadas, primeiro a parte 1, Conceitos básicos e definições, e finalmente a Parte 3, Procedimentos para avaliação da iluminação natural em ambientes internos, publicada em junho deste ano.
Na parte 3, em especial, houve a oportunidade de introduzir a possibilidade de análise por simulação computacional, que evoluiu muito na área de iluminação natural neste período. Não foi por acaso que esta foi a última parte a ser publicada, 3 anos após a instauração da comissão, pois além de revisar os procedimentos de avaliação dos níveis de iluminação natural internos e da ocorrência de ofuscamento, trouxe ainda a novidade da avaliação da qualidade das vistas para o exterior, da avaliação das horas de insolação máximas para evitar desconforto visual e mínimas para climas frios e introduziu os conceitos, ainda em desenvolvimento no cenário internacional, da análise da luz circadiana.
Todo o processo foi permeado por testes das métricas, dos procedimentos de cálculo manuais e gráficos e pela busca de programas e métodos que pudessem ser usados computacionalmente. A mais importante introdução que a norma possibilitou foi a da avaliação da iluminação natural baseada no clima, na qual análises de desempenho anuais podem ser feitas, gerando um retrato mais fiel do comportamento dos ambientes frente às métricas colocadas na norma. Estas avaliações são possíveis apenas pelo uso de programas computacionais. Buscou-se então que houvesse disponibilidade de programas livres ou com possibilidade de período de teste ou disponíveis para a academia para que a comunidade técnica em geral pudesse usar e testar os métodos introduzidos. Os resultados das avaliações feitas foram extensamente discutidos com a comunidade através dos participantes da Comissão Técnica, que contribuíram com testes, análises e sugestões de revisão de texto, de métricas e de níveis de qualidade. Houve ainda que contemplar o setor da construção civil que solicitou tempo para que houvesse absorção dos novos conceitos. Neste sentido a norma não traz níveis mínimos de desempenho, mas uma escala de níveis de I a III na qual a qualidade de atendimento aos critérios colocados evolui do nível I (menor) para o III (maior). Espera-se agora, que a norma seja usada e que suas recomendações de métricas sejam testadas para que possamos evoluir para uma norma com requisitos mínimos de iluminação natural.
Escrito por: Profa. Roberta Vieira Gonçalves de Souza, Dra.
Publicado em 25 de outubro de 2024
Fonte: SindusCon-SP