Os avanços das normas técnicas em acústica

A criação do Comitê Brasileiro CB-196 da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, em novembro de 2022, foi considerado um marco na história da acústica no país. Concebido para dar mais agilidade ao processo de normalização nacional e na representação brasileira junto aos organismos internacionais de acústica, tem avançado em sua missão com a participação cada vez maior de profissionais de diferentes setores da cadeia produtiva de acústica.

De acordo com o superintendente gestor do CB-196 e presidente da Sobrac – Sociedade Brasileira de Acústica, Krisdany Vinicius Cavalcante, a atuação no comitê é realizada por todos de forma voluntária. Muitos profissionais atuam em mais de uma área e acabam participando em diversas comissões de estudo. “Com isso, a gestão do tempo exige a escolha de prioridades”.

O grande desafio da elaboração de normas de acústica no Brasil, segundo Cavalcante, está na formação profissional. “Infelizmente a Acústica ainda não é uma área forte nos currículos acadêmicos das graduações de arquitetura e engenharia. Muitos cursos seguem sem se quer ter uma disciplina de acústica arquitetônica. Outros, incluem algumas horas em disciplinas de conforto, sendo que a acústica é muito mais uma questão de saúde”, destaca.

Raio X do momento

As áreas de acústica ambiental e de acústica de edificações continuam sendo as mais demandadas do CB-196, segundo a chefe de secretaria do comitê e gerente técnica da ProAcústica, Grace Jeong.

“Recentemente tivemos na CE de Acústica Ambiental a pauta para elaboração de uma norma brasileira para medição e avaliação de ruídos de parques eólicos. A revisão da ABNT NBR 16425-2 para inclusão dos novos tipos de aeronaves que estão em teste será um tema debatido em breve. E isso tudo em paralelo aos trabalhos de elaboração das normas para medição e avaliação de ruídos de rodovias e de trens metropolitanos de passageiros”.

Um dos temas que tem avançado com mais força e que pode se tornar norma em um futuro próximo é o de Classificação Acústica de Edifícios Residenciais. “Este assunto tem sido debatido no grupo de trabalho criado dentro da CE 196:000.003 – Acústica Arquitetônica, onde estão sendo estudados os requisitos de classificação acústica com base nos documentos ISO TS 19488:2021 e na norma espanhola UNE 74201:2021”.

Com relação à Classificação Acústica de Edifícios Residenciais, o CB-196 Acústica e o CB-02 Construção Civil analisarão o impacto da adoção direta de uma norma da ISO ou se será necessária a elaboração de uma norma brasileira. “Com isso atenderemos importante demanda para a certificação acústica de imóveis residências”.

No âmbito das CE 196:000.001 e CE 196:000.003, a ABNT NBR 16313 Acústica – Terminologia, de acordo com o comitê, esteve em consulta nacional em fevereiro e maio, porém, surgiram sugestões técnicas e agora está em processo de editoração para uma nova apreciação. Já a tradução da ISO 12354-2:2017 – Acústica de Edifícios está na fase de adequação e revisão ortográfica do documento, para em seguida ir para editoração e depois para consulta nacional. E na CE 196:000.004 de Acústica de Ambientes estão em pauta a atualização das normas para salas de cinemas e atualização e adoção de normas ISO, como a ISO 3382-3 e a ISO 23591, respectivamente.

Fonte: Pró-Acústica