Escrito por Gustavo Garrido, presidente da AsBEA-SP e sócio da Archscape.
Desde o início do curso de arquitetura, o arquiteto aprende a famosa “formula de Blondel” para calcular uma escada: 2h+p=63, ou 63<2h+p<65, onde “h” é o desnível do degrau e “p” é o comprimento do degrau. Contudo, poucos sabem de onde surgiu a famosa fórmula e muito menos as implicações para os ambientes externos.
Um pouco de história
Nicolas-François Blondel desenvolveu sua famosa fórmula no século XV e verificou em seus estudos que um aumento de 1 cm na altura do degrau necessitava de uma diminuição de 2 cm no piso, para uma passada constante de 63 a 65 cm, e para uma variação de altura entre 16 cm e 18 cm. Essa fórmula, contudo, passa a não funcionar adequadamente quando falamos de pequenas alturas ou de espaços externos e áreas de lazer.
A diferença fundamental de uma escada para áreas de lazer
A experiência de Blondel é totalmente válida para vencer uma pequena distância de altura entre dois pisos de uma edificação, ou para um ritmo de subida constante, como em uma caixa de escada de edifícios verticais. Tanto o é que a norma alemã DIN 18065 se chama “Escadas de Edifícios”. Contudo, em espaços livres, não se tem essa meta de vencer andares. Estudos desenvolvidos pelo Arquiteto Alemão Alwin Seifert sobre essa questão específica, observam que a passada em ambientes livres possui uma variação muito maior do que a observada por Blondel, variando de 62 cm a 76 cm, muito mais relacionada a depender do ritmo da caminhada.
Estabelecendo assim uma variação de altura entre 9 cm e 16 cm para o degrau, chegou a uma fórmula diferente: p=94-4h.
Assim, quando pensamos em um degrau de, por exemplo, 14 cm, chegamos a um piso de 38 cm, diferentemente de Blondel, o qual retorna o valor de 35 cm. Diferentemente de Blondel, a variação de pisada se dá de 4 em 4 cm, ao invés dos 2 cm e traz uma proporção de maior horizontalidade, mais confortável e mais elegante.
Vencendo desníveis ao ritmo de uma caminhada
A utilização da fórmula de Seifert se mostra muito mais adequada, principalmente para degraus mais baixos, 10, 12 cm, altura não recomendada por norma para situações dentro do edifício.
Essas situações de degraus baixos, são muito adequadas em praças e parques, onde muitas vezes se tem pequenos desníveis a vencer, seja em um caminho de passeio, seja em algum acesso específico. Aliás, são especialmente adequados se trabalhar esse tipo de degrau em acessos principais desses espaços e em residências.
Experimente essa dica em suas construções e confira pessoalmente o resultado!
Fonte: AsBEA