Por Gustavo Garrido, presidente da AsBEA-SP e fundador do Archscape.
Muito além de ser a ‘bola da vez’, o ESG (do inglês, Environmental, Social and Governance) veio para ficar, por razões claras: as evidentes questões climáticas, o histórico abismo social e a pressão da sociedade por clareza e transparência na gestão das empresas.
O setor dos escritórios de arquitetura se desenvolveu fortemente nos últimos 30 anos, principalmente devido ao fortalecimento de nosso grande contratante, o setor imobiliário, o qual se beneficiou de regulamentações passadas que trouxeram mais confiança para os investidores. Os escritórios de arquitetura, consequentemente, tiveram que se estruturar internamente para atender ao aumento da demanda, mantendo a qualidade de seu trabalho, que agora não se concentra mais apenas na figura do fundador, o que exige método, padronização, organização e mensuração do trabalho. Cada escritório enfrentou esses desafios de forma isolada, e aos poucos, as práticas se universalizaram por meio da associação.
No entanto, quando falamos de ESG, torna-se claro que iniciativas isoladas são fracas e ineficientes em comparação com ações conjuntas e estruturadas, motivo pelo qual a ASBEA se coloca agora como o lugar natural de discussão dessas ações.
No âmbito do ‘E’, as questões ambientais já são uma tradição na ASBEA. Os associados são autores dos primeiros projetos com certificação ambiental, temos assento e participação no GBC (Green Building Council), estruturamos o GTS (Grupo de Trabalho de Sustentabilidade) e, agora, com a maior participação de escritórios especializados em arquitetura paisagística, urbanismo e arquitetura de interiores, novas oportunidades se abrem para expandir ainda mais nossa atuação e compromisso com o meio ambiente.
Em relação à questão social, muitos desafios se colocam. As relações com nossos colaboradores e a criação de oportunidades inclusivas são temas centrais e complementares para o assunto. O crescimento do número de empresas de arquitetura com grande número de colaboradores cria uma massa crítica para o amadurecimento do assunto. A capacitação é entendida como o eixo central para o ‘S’, já que a atual grade curricular das universidades não atende às necessidades atuais dos escritórios. Com vistas a atender às necessidades do nosso setor, em breve divulgaremos nossa grade de cursos, visando oferecer aos escritórios mão de obra capacitada para todas as vagas, inclusive as afirmativas.
Falando agora, e finalmente, sobre Governança, este foi o tema principal que motivou a fundação da ASBEA, pois acreditamos que trabalhar a arquitetura por meio de escritórios é o formato mais adequado para prestar um serviço de qualidade. A governança pode ser entendida como toda a estrutura de liderança e organização da empresa e como se dá o relacionamento entre as partes interessadas, sejam colaboradores, agentes públicos, fornecedores ou clientes, com transparência e responsabilidade. Não se pode pensar em Governança sem ser empresa e, mais uma vez, acreditamos que a capacitação e também a comunicação com os associados e demais instituições ajudarão nesse desafio.
Perseguindo esses desafios, os escritórios de arquitetura poderão cada vez mais ser atores decisivos para o reconhecimento pela sociedade de seu papel em proporcionar, por meio de nosso trabalho, qualidade de vida para as pessoas.
Fonte: AsBEA/SP